Quem é Xexênia, criminosa condenada por criptografar “salves” do PCC
Carla Riciotti Lima foi condenada em segunda instância acusada de coordenar rede interna de comunicação entre chefões do PCC
atualizado
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Além de organizar a distribuição dos celulares e chips para a cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC), Carla Riciotti Lima, de 36 anos, conhecida como Xexênia, também auxiliava na codificação de salves — mensagens com ordens dos chefões da facção — servindo como uma espécie de criptografia artesanal, usada para dificultar a compreensão dos diálogos, caso caíssem nas mãos de pessoas erradas.
Como mostrado pelo Metrópoles, ela foi condenada a 10 anos e três meses, em segunda instância, por coordenar a complexa rede de comunicação privada da cúpula do PCC — tanto atrás das grades como em liberdade — além de associação criminosa e levagem de dinheiro.
As mensagens “criptografadas” por Xexênia, de acordo com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), eram posteriormente decodificadas, permitindo o entendimento de ordens, recados e esclarecimentos trocados entre a cúpula da facção. Esse método é chamado entre os criminosos de “bate-bolas”.
Quando estava em liberdade, Xexênia era integrante da Sintonia da Financeira Geral, setor da facção na qual coordenava as redes de comunicação fechadas do PCC.
“Carla [Xexênia] era a responsável pela aquisição de celulares em massa, pagos com recursos da organização criminosa”, diz trecho de denúncia da Promotoria, acrescentando que ela também resguardava as conversas dos chefões.
Orientada por “superiores” hierárquicos, ela também organizava planilhas, mencionadas inclusive em “bate-bolas”, em um dos quais constava como interlocutor Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue — na ocasião o número 1 da facção nas ruas.
Ele foi assassinado juntamente com Fabiano Alves de Souza, o Paca, em 15 de fevereiro de 2018, em uma reserva indígena em Aquiraz (CE) — iniciando aí uma crise interna entre as lideranças máximas da facção, cuja cúpula acabou rachando, como mostrado pelo Metrópoles.
Xexênia condenada em 2ª instância
- Xexênia, foi condenada a 10 anos e três meses, em segunda instância, por coordenar uma complexa rede de comunicação privada da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC).
- Ela está atrás das grades desde 14 de setembro de 2020, quando celulares apreendidos em sua casa ajudaram a polícia a entender sua relação com os chefões da maior facção criminosa do país.
- Denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP), obtida pelo Metrópoles, afirma que a criminosa geria um esquema para adquirir, configurar e distribuir celulares, além de chips novos, à cúpula do PCC.
- A troca dos chips, ainda de acordo com a Promotoria, seria constante, para dificultar a identificação e teor das conversas entre as lideranças da facção — tanto nas ruas como no sistema carcerário.
- Os aparelhos distribuídos por Xexênia já contavam com uma agenda de contatos, para que os criminosos retomarem suas conversas, sem maiores dificuldades.
Gestora da comunicação
Xexênia está atrás das grades desde 14 de setembro de 2020, quando celulares apreendidos em sua casa ajudaram a polícia a entender sua relação com os chefões da maior facção criminosa do país. A denúncia do MPSP, obtida pelo Metrópoles, afirma ainda que a criminosa geria todo o esquema para adquirir, configurar e distribuir os celulares, além de chips novos, à cúpula do PCC.
A troca dos chips, ainda de acordo com a Promotoria, seria constante, para dificultar a identificação e teor das conversas entre as lideranças da facção — tanto nas ruas como no sistema carcerário.
Os aparelhos distribuídos por Xexênia já contavam com uma agenda de contatos, para que os criminosos retomarem suas conversas, sem maiores dificuldades.
A criminosa é uma peça importante na engrenagem do crime. Isso fica evidenciado em mensagens trocadas entre chefes da facção, os quais afirmam que ela “sabe mais das coisas [informações internas da cúpula] que muitos aí”. Por saber de detalhes e segredos trocados entre o mais alto escalão do PCC, os criminosos ressaltam que precisam “cuidar dela”.
Defesa
A defesa de Xexânia alegou ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que ela é uma “pessoa honesta”, afirmando não possuir vínculo com o mundo do crime.
Foi argumentado ainda que o apelido atribuído à Carla refere-se à outra pessoa.
Os itens apreendidos no dia da prisão de Carla, ainda afirmou a defesa, pertenciam ao companheiro dela, cuja condenação classificou como “injusta”.