Dólar cai e Bolsa sobe com Haddad na Câmara e acordo entre EUA e China
No dia anterior, o dólar fechou em leve alta de 0,14%, cotado a R$ 5,57, praticamente estável. Ibovespa subiu 0,54%, aos 136,4 mil pontos
atualizado
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O dólar operava em baixa nesta quarta-feira (11/6), em um dia movimentado no cenário econômico tanto no Brasil quanto no exterior.
No cenário doméstico, os investidores repercutem a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em uma audiência na Câmara dos Deputados.
O chefe da equipe econômica deve tratar do pacote de medidas fiscais para compensar o recuo em relação ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), assunto que foi tratado na véspera com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No exterior, as atenções seguem voltadas às negociações entre Estados Unidos e China em torno de um acordo comercial. O mercado também acompanha a divulgação dos dados da inflação ao consumidor nos EUA.
Dólar
- Às 15h21, o dólar caía 0,49%, a R$ 5,543.
- Mais cedo, às 12h39, a moeda norte-americana recuava 0,75% e era negociada a R$ 5,528.
- Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,581. A mínima é de R$ 5,522.
- No dia anterior, o dólar fechou em leve alta de 0,14%, cotado a R$ 5,57, praticamente estável.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 2,59% no mês e de 9,87% no ano frente ao real.
Ibovespa
- Após alternar perdas e ganhos pela manhã, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), firmou a alta no início da tarde.
- Às 15h23, o Ibovespa avançava 0,48%, aos 137 mil pontos.
- Na véspera, o indicador subiu 0,54%, aos 136,4 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula queda de 0,43% em junho e alta de 13,43% em 2025.
EUA e China fecham acordo
Representantes dos governos de EUA e China, as duas maiores economias do mundo, que vêm travando uma intensa guerra comercial desde o início do ano, anunciaram que chegaram a um princípio de acordo que pode sacramentar uma “trégua” na disputa comercial.
Os detalhes do acordo preliminar esboçado entre os dois países não foram divulgados, mas negociadores norte-americanos e chineses se disseram otimistas em relação a um desfecho positivo nas próximas horas. Os termos do acordo serão apresentados aos presidentes Donald Trump e Xi Jinping.
“Chegamos a um marco para implementar o consenso de Genebra. Assim que os presidentes aprovarem, buscaremos implementá-lo”, limitou-se a dizer o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, a repórteres, em Londres.
O representante comercial do governo norte-americano, Jamieson Greer, afirmou aos jornalistas que não há novas reuniões marcadas, mas disse que ambos os países se comunicam “com frequência” e podem conversar “sempre que se fizer necessário”.
“Esperamos que o tema das terras-raras e ímãs, no que se refere aos Estados Unidos da América, seja resolvido dentro da implementação desse marco,” afirmou Howard Lutnick.
“Além disso, houve várias medidas que os EUA adotaram quando essas terras-raras deixaram de ser enviadas. Vocês devem esperar que essas medidas sejam retiradas, como o presidente Trump disse, de forma equilibrada. Quando eles aprovarem as licenças, vocês devem esperar que a nossa implementação de restrições às exportações também seja reduzida”, prosseguiu o secretário de Comércio dos EUA.
Pouco depois das declarações dos representantes do governo dos EUA em Londres, Trump foi às redes sociais e confirmou o acordo com a China.
“Nosso acordo com a china está feito, sujeito à aprovação final do presidente Xi e de mim. Ímãs completos e quaisquer terras raras necessárias serão fornecidos, de primeira, pela China”, escreveu Trump.
Segundo Trump, o acordo comercial ficou definido com taxas recíprocas impostas pelos EUA à China, de 55%, e taxas chinesas de 10% sobre produtos norte-americanos.
O presidente dos EUA acrescentou que a aceitação de estudantes chineses nos EUA faz parte do acordo.
“Da mesma forma, forneceremos à China o que foi acordado, incluindo estudantes chineses que utilizam nossas faculdades e universidades (o que sempre foi bom para mim)”, destacou o presidente norte-americano.
O acordo ainda permitirá o ingresso de estudantes chineses nos EUA, durante a cruzada do governo de Trump contra Harvard e alunos estrangeiros.
Inflação nos EUA
O principal indicador econômico acompanhado pelo mercado nesta quarta-feira é o Índice de Preços ao Consumidor (I, na sigla em inglês), que mede a inflação oficial nos EUA, divulgado pelo Departamento do Trabalho do governo norte-americano.
Em maio, a inflação no país ficou em 2,4%, na base anual, uma leve alta em relação aos 2,3% registrados em março.
Na comparação mensal, o índice foi de 0,1%, ante 0,2% em abril.
Os resultados da inflação nos EUA vieram abaixo do esperado pelo mercado. A média das estimativas era de 2,5% (anual) e 0,2% (mensal).
A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024.
Haddad no Congresso
No cenário doméstico, os olhos dos investidores estão voltados a Brasília. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa de uma audiência na Câmara dos Deputados e deve tratar do novo pacote de medidas fiscais.
Haddad esteve reunido, nessa terça-feira (10/6), com o presidente Lula para detalhar as medidas pactuadas com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), além de líderes do Congresso, no último fim de semana.
No pacote de ações, estão previstos medida provisória, novo decreto sobre o IOF e debates a respeito da revisão fiscal e também de benefícios infraconstitucionais, ou seja, que não estão na Constituição.
A Medida Provisória (MP) que deve ser editada pelo governo trará mecanismos para compensar a perda de arrecadação que haveria com o aumento sobre o IOF. Um dos mecanismos é o aumento de 12% para 18% da alíquota sobre empresas de apostas de quota fixa, conhecidas como bets.
Outro ponto na MP será sobre os títulos isentos de IR, como Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), que arão a ter alíquota de 5% do IR.
O ministro disse que novo decreto será elaborado, com o objetivo de recalibrar as alíquotas sobre o imposto. Uma das partes que serão retiradas do decreto é a que diz respeito ao risco sacado.
Por fim, o ministro anunciou que o Congresso discutirá a revisão das isenções fiscais, atualmente orçadas em R$ 800 bilhões.
Uma das propostas em debate é a de que haja redução de 10% em gastos tributários. A Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) das empresas, que hoje têm alíquotas de 9%, 15% e 20%, não terá mais a menor delas. Com isso, a cobrança mínima ará a ser de 15%.
Além disso, haverá discussão sobre a redução de gastos primários. Esse ponto, no entanto, será debatido pelos líderes com suas bancadas, para depois se chegar a um acordo de eventuais cortes que possam ser feitos.
A expectativa é a de que o governo encaminhe as primeiras medidas ao Congresso até o fim desta semana.